Cinco pessoas são presas pelo crime de funcionamento clandestino de empresas de internet no CE

Prisões aconteceram durante a operação “Strike”, realizada simultaneamente em Fortaleza, Caucaia, Horizonte e São Gonçalo do Amarante

Cinco indivíduos foram detidos em flagrante pelo crime de gerenciamento ilegal de empresas de internet e por receptação no Ceará, nesta quarta-feira, 12. As capturas ocorreram ao longo da operação “Strike”, que foi executada de maneira conjunta em Fortaleza, Caucaia, Horizonte e São Gonçalo do Amarante.

De acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ao longo da iniciativa, cujo objetivo é inibir e investigar os ataques direcionados a provedoras de internet reportados recentemente no Estado, também foram cumpridos 12 mandados de prisão e 37 de busca e apreensão.

Na Capital, as ações se concentraram nos bairros Pirambu, Padre Andrade, Ellery, Carlito Pamplona e Barra do Ceará. As equipes contaram ainda com o suporte das Coordenadorias de Inteligência (Coin) e de Operações Aéreas (Ciopaer) da SSPDS, além do Departamento de Inteligência (DIP) da PCCE.

O cumprimento dos mandados foi impulsionado pela série de atentados a empresas de internet registrados no Estado, em que organizações criminosas estariam impondo extorsões e ataques a provedores para assegurar exclusividade ou permissão de atuação em determinadas áreas.

Alguns dos provedores que estão sob investigação operam clandestinamente, sem autorização ou cadastro, conforme pontuou o delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Alisson Gomes. O número exato não foi revelado.

“Nós precisamos identificar se esses delitos cometidos são apenas infrações administrativas ou se, de fato, essas empresas estão associadas a esses criminosos e, portanto, praticando os mesmos crimes. Somente a investigação poderá responder essas questões”, explica o delegado.

Empresas que contribuíram com taxas cobradas por facções podem ser indiciadas

A apuração indica que integrantes da facção cobravam taxas de provedores de internet. O valor e a forma de cobrança variavam conforme a quantidade de clientes do provedor. Em determinadas situações, exigia-se de R$ 20 a R$ 30 por cada mensalidade dos usuários.

Caso não aceitassem pagar, as empresas ficavam sujeitas à violência praticada pelo grupo criminoso, seja por meio de ameaças a funcionários e proprietários, ou ainda através de danos ao patrimônio.

No entanto, a Polícia investiga se alguns desses provedores estavam se favorecendo do esquema. Mesmo aqueles que cederam à extorsão podem ser responsabilizados criminalmente, sendo necessário comprovar que foram vítimas de crime.

Em coletiva de imprensa, o delegado Alisson Gomes negou a existência de um provedor totalmente administrado pela facção. “O que estamos averiguando é se essas empresas são legítimas, mas em algum momento cederam às pressões do crime organizado, ou se efetivamente tiram proveito disso”, afirma.

Líderes das extorsões e homem que seria “braço técnico” da facção foram presos

Entre as 12 detenções efetivadas nesta quarta-feira, três homens se destacam pelo papel de liderança no esquema.

Um deles, segundo o delegado geral Márcio Gutierrez, estaria à frente das extorsões. Ele já era alvo de investigação por um homicídio ocorrido em Fortaleza e foi capturado no último fim de semana, em razão de envolvimento no crime. O suspeito, de 30 anos, também possui antecedentes por integrar organização criminosa, tráfico de drogas, associação para o tráfico, posse ilegal de arma de fogo e receptação.

Outro envolvido, de 21 anos, foi preso em São Gonçalo do Amarante e seria o responsável por ameaçar pessoalmente os donos de provedores de internet, ainda segundo o delegado geral. Ele teria participação direta no ataque ao Complexo do Pecém. Com ele, foram encontradas duas pistolas, sendo uma equipada com carregador alongado para maior capacidade de munição.

Além disso, um terceiro suspeito funcionava como “braço técnico” da facção. A investigação aponta que ele atuava na elaboração das ações criminosas contra as provedoras. Ele possuiria expertise profissional na área e seria proprietário de um provedor.

“Ele tem vínculo direto com as empresas de provedores de internet. Participava na formulação de estratégias, oferecendo orientação e aconselhamento. Ele usava esse conhecimento técnico para direcionar as atividades. Assim, foi cumprido o mandado de prisão tanto por integrar a organização criminosa quanto por atentar contra serviços públicos”, esclarece Alisson Gomes.

Polícia pode ser acionada para garantir a segurança de técnicos de internet

Diante dos ataques, as empresas vêm adotando medidas de proteção para salvaguardar funcionários que trabalham nas ruas e suas estruturas. Elas relatam dificuldades para manter as operações em algumas regiões do Estado.

O secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Roberto Sá, ressalta que os provedores podem contatar a Polícia caso haja bloqueio de acesso a algum local ou impedimento na prestação do serviço.

“O Estado está completamente disponível para, ao ser comunicado de um obstáculo em determinado ponto, prontamente oferecer suporte para que esses provedores possam retomar o serviço. E, se houver outro delito, que também nos informem para que essa primeira resposta seja dada pela Polícia Militar”, conclui.

By Noticias de Fortaleza

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