A última semana marcou um significativo aumento no volume de água recebido pelos açudes do Ceará, reflexo das fortes chuvas registradas em diversas regiões. No dia 15 de janeiro, três municípios superaram a marca dos 200 milímetros de precipitação, contribuindo para que o aporte hídrico do estado crescesse 23 vezes em sete dias.
De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o volume de água acumulado entre os dias 1º e 10 de janeiro foi de 9,10 milhões de m³. Já na sexta-feira, 17, esse número saltou para 209,79 milhões de m³ – o maior resultado do período nos últimos três anos.
Comparativo histórico
Os dados indicam uma melhora expressiva em relação aos anos anteriores. Em 2024, o aporte no mesmo período foi de 70,78 milhões de m³; em 2023, 20,60 milhões de m³; e em 2022, 216,55 milhões de m³. O atual cenário marca uma retomada próxima ao registrado em 2022.
Até a semana passada, o estado não possuía açudes sangrando, e apenas dois estavam acima de 90%. Com as chuvas recentes, dois açudes sangraram e cinco superaram os 90% da capacidade.
Distribuição das chuvas por bacias hidrográficas
Das 12 bacias hidrográficas do Ceará, nove registraram aporte positivo, com destaque para a bacia do Litoral, que aumentou em 12 pontos percentuais. Confira os dados:
- Litoral: de 65,8% para 77,8%
- Coreaú: de 66,6% para 69,8%
- Acaraú: de 73,5% para 76,1%
- Curu: de 55,8% para 55,9%
- Metropolitana: de 59,1% para 59,5%
- Sertão de Crateús: de 12,5% para 14%
- Banabuiú: de 35,4% para 35,7%
- Médio Jaguaribe: de 27,8% para 27,9%
- Alto Jaguaribe: de 54,6% para 55,8%
Três bacias registraram decréscimo no mesmo período:
- Serra da Ibiapaba: de 61,3% para 61,1%
- Baixo Jaguaribe: de 60,3% para 59,6%
- Salgado: de 48,1% para 48%
No geral, o volume armazenado nos 157 reservatórios estaduais cresceu de 42,64% para 43,37%.
Principais açudes beneficiados
Entre os açudes que mais receberam água estão os maiores do estado, Orós e Castanhão. Apesar do aumento percentual modesto, esses reservatórios acumularam milhões de litros devido à sua grande capacidade:
- Orós: capacidade de 1.125 hm³, passou de 58% para 58,8%.
- Castanhão: capacidade de 1.817 hm³, subiu de 27,12% para 27,19%.
Outros açudes de destaque:
- Forquilha (50 hm³): estava com 72,10% e sangrou.
- Arneiroz II (116 hm³): passou de 65,4% para 71,6%.
- Taquara (236 hm³): subiu de 71,4% para 74,2%.
Apesar das melhorias, ainda há desafios: nove açudes permanecem em volume morto (abaixo de 5% da capacidade), incluindo Barra Velha, Bonito e Broco. Outros três – Favelas, Jatobá e Madeiro – estão completamente secos.
Previsão do tempo e impacto das chuvas
Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a chegada de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) foi determinante para as chuvas recentes. A previsão indica um aumento da nebulosidade, com precipitações mais intensas no noroeste do estado no sábado (18) e na faixa litorânea e região do Cariri no domingo (19).
Essas chuvas fazem parte da pré-estação chuvosa, que ocorre de dezembro a janeiro. A estação oficial, no entanto, vai de fevereiro a maio, quando se espera um volume ainda maior de precipitações.
Perspectivas para 2025
O início promissor de 2025 aponta para uma possível recuperação hídrica no Ceará, com chuvas consistentes e um aporte considerável nos principais açudes. A gestão eficiente dos recursos e o monitoramento constante serão cruciais para aproveitar ao máximo o potencial das precipitações e enfrentar os desafios hídricos do estado.